Sérgio Campolongo, se apresentou com seus advogados no Deic de São Bernardo do Campo. - Foto: Reprodução/TV Globo/Walace Lara
Polícia
Sérgio Campolongo, se apresentou com seus advogados no Deic de São Bernardo do Campo. - Foto: Reprodução/TV Globo/Walace Lara

Investigação aponta que o servidor usou carro oficial em ao menos 17 ataques; motivação seria política. Irmão também se entregou à polícia.

O irmão do servidor público suspeito de participar de ataques a ônibus na Grande São Paulo se entregou à polícia nesta quarta-feira (23) e foi preso. Ele é acusado de envolvimento em pelo menos dois casos de depredação de veículos.

Sérgio Campolongo teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e se apresentou ao lado de seus advogados no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em São Bernardo do Campo. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou o cumprimento do mandado.

Sérgio é irmão de Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, servidor concursado da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) há mais de 30 anos. Edson já está preso, acusado de participar de ao menos 17 apedrejamentos de ônibus. Em junho, ele recebeu quase R$ 11 mil líquidos de salário e utilizava um carro oficial da CDHU durante os ataques, alegando querer “salvar o Brasil”. A empresa, vinculada ao governo paulista, ainda não se pronunciou.

Investigação e provas

As investigações tiveram início após imagens de segurança registrarem repetidamente um carro com a logomarca da CDHU nos locais dos ataques, na região do ABC Paulista. O veículo, alugado pela CDHU, levou os investigadores até Edson, que atuava como motorista do chefe de gabinete da empresa.

Segundo a polícia, o servidor acompanhava eventos do governo estadual no interior paulista, inclusive com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A movimentação constante do carro oficial entre São Bernardo do Campo e o centro de São Paulo chamou atenção dos investigadores.

Na casa de Edson, foram apreendidos estilingues e pedras supostamente usados nas ações criminosas. Ele confessou à polícia a autoria de pelo menos 17 ataques, dizendo ter sido motivado pela situação política do país.

Perfil nas redes e reações

Apesar de ser descrito como reservado no ambiente de trabalho, Edson mantinha um perfil ativo nas redes sociais, onde fazia postagens contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Lula (PT), além de declarar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nos dias que antecederam a prisão, publicou conteúdos com teor político, incluindo uma caricatura do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e críticas ao comunismo.

Funcionários da CDHU disseram estar surpresos com o envolvimento do colega. O clima na empresa é de consternação. O chefe de gabinete chegou a ser ouvido pela polícia, mas foi descartada qualquer participação dele no caso. Ao receber a notícia, ele ficou abalado e precisou ser amparado por colegas.

Linhas de investigação

O Deic aponta que a principal hipótese para os ataques seja uma disputa entre empresas do setor de transporte urbano e conflitos internos no sindicato da categoria, que já estão judicializados. Outras linhas investigativas incluem possível envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e desafios publicados na internet.

A polícia também avalia que os ataques podem ter ganhado “efeito contaminação”, com participação de pessoas sem ligação com o setor. Em um dos episódios mais graves, uma passageira teve o rosto fraturado após ser atingida por uma pedra na Zona Sul da capital.

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