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Tecnologia
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Empresas como Amazon e Tesla adotam inteligência artificial e aceleram cortes de empregos, enquanto especialistas debatem impactos e possíveis soluções.

O avanço acelerado da inteligência artificial (IA) começa a transformar radicalmente o mercado de trabalho. Recentemente, o CEO da Amazon, Andy Jassy, afirmou que a empresa realizará novos cortes de pessoal à medida que a IA substitui funções humanas em diversos setores. Segundo ele, a tecnologia deve impactar profundamente o emprego global nos próximos anos.

A Anthropic, startup de IA, compartilha da mesma visão. Em maio, a cofundadora e presidente Daniela Amodei previu que, entre um e cinco anos, metade dos cargos de entrada em funções não manuais poderá desaparecer por conta da IA.

Empregos sob risco e as reações do mercado

Desde 2022, empresas listadas na bolsa dos EUA reduziram seus quadros presenciais em 3,5%. Segundo o The Wall Street Journal, um quinto das companhias do índice S&P 500 já reduziram sua força de trabalho. Nomes como Microsoft, Hewlett Packard (HP), Procter & Gamble (P&G) e Shopify estão entre as que anunciaram milhares de demissões.

Algumas adotaram novas políticas de gestão de pessoal. A Shopify, por exemplo, exige que departamentos provem que uma tarefa não pode ser executada por IA antes de contratar novos funcionários. Já o Duolingo planeja substituir gradualmente prestadores de serviços por soluções automatizadas.

Segundo a OCDE, cerca de 25% dos empregos no mundo correm risco de se tornarem obsoletos com o avanço da inteligência artificial.

Desemprego ou transformação?

Apesar das preocupações, a IA também pode criar oportunidades. O Fórum Econômico Mundial estima que, até 2030, 92 milhões de empregos podem ser extintos, mas outros 170 milhões poderão ser criados, resultando em saldo positivo.

O FMI, em análise de 2024, aponta que 60% dos empregos em economias desenvolvidas serão afetados — metade de forma negativa e metade de forma positiva. Em mercados emergentes, o impacto deve atingir 40% das vagas, enquanto em países de baixa renda, cerca de 26%.

No entanto, esses países menos afetados também podem ter menor ganho de produtividade com a IA, por falta de infraestrutura e capacitação.

Diferentemente de revoluções anteriores, que atingiram principalmente trabalhadores manuais e com baixa qualificação, os empregos mais ameaçados agora são os de nível educacional elevado — especialmente os de escritório em que a IA já apresenta desempenho comparável ou superior ao humano.

Um estudo do Pew Research Center identificou que profissões como programação, contabilidade, redação técnica e inserção de dados estão entre as mais vulneráveis. Já funções como construção civil, cuidadores infantis e bombeiros, que exigem esforço físico e habilidades humanas, são mais resistentes à automação.

Visões sobre o futuro do trabalho

O impacto da IA sobre a sociedade gerou reações de líderes políticos e religiosos. O Papa Leão XIV alertou sobre os riscos para a dignidade e subsistência humana. Por outro lado, o economista Enzo Weber, do Instituto IAB da Alemanha, considera que essas preocupações são exageradas.

Para Weber, a IA não elimina o trabalho, mas o transforma. Ela auxilia os humanos, permitindo o desenvolvimento de novas tarefas com maior eficiência. Essa visão é compartilhada por economistas da Universidade de Harvard, como David Deming, Christopher Ong e Lawrence H. Summers, que destacam que a automação pode aumentar a produtividade a ponto de compensar a substituição parcial do trabalho humano.

Embora reconheçam que a IA terá um impacto abrangente e duradouro, afirmam que seus efeitos se desdobrarão ao longo de décadas, dando tempo para adaptação.

Adaptação é essencial

O futuro da IA no trabalho ainda é incerto, mas uma coisa é clara: empresas e profissionais precisarão se adaptar a esse novo cenário. A integração eficaz das ferramentas de IA aos ambientes corporativos depende da disposição dos trabalhadores em usá-las de forma inteligente — e não temê-las.

Para Weber, a IA é um verdadeiro "game changer". “Ela oferece oportunidades, mas é preciso agarrá-las. É essencial investir no desenvolvimento e treinamento dos funcionários para que avancem junto com a tecnologia”, alerta.

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