Cantora e empresária lutava contra câncer no intestino desde 2023; trajetória artística e pessoal marcou gerações e inspirou causas sociais
Morte e luta contra o câncer
Preta Gil, cantora, atriz, apresentadora e empresária, faleceu neste domingo, aos 50 anos, em decorrência de um câncer no intestino. A morte foi confirmada por sua assessoria de imprensa. Nos últimos meses, a artista esteve nos Estados Unidos, onde buscava um tratamento experimental para a doença.
Filha de Gilberto Gil, Preta foi diagnosticada em janeiro de 2023 com adenocarcinoma. Durante quase dois anos, enfrentou cirurgias, sessões de quimioterapia e radioterapia, inicialmente no Brasil. Em maio de 2025, seguiu para os EUA, onde passou por consultas no Virginia Cancer Institute e no renomado Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York. Mesmo debilitada, compartilhou momentos de sua rotina nas redes sociais, mantendo sempre um discurso de esperança.
Em 2024, após anunciar remissão da doença, Preta revelou que o câncer havia retornado com metástases no peritônio e tumores em linfonodos e no ureter. No final do ano, ela passou por uma cirurgia de mais de 18 horas para retirada de tumores.
Carreira e ativismo
A carreira de Preta Gil teve início em 2003 com o álbum Prêt-à-Porter, lançado quando seu pai era ministro da Cultura. O disco mesclava pop, MPB, samba e funk. A capa, em que aparecia nua, gerou polêmica e destacou sua luta contra padrões estéticos. "Se eu fosse magra, esse barulho todo não teria acontecido", afirmou à época.
Preta se tornou referência de autoaceitação e empoderamento feminino. Era também símbolo da causa LGBTQIA+, assumidamente bissexual e defensora ativa dos direitos da comunidade. Seu bloco de carnaval, o Bloco da Preta, criado em 2009, foi sucesso no Rio de Janeiro e estreou em São Paulo dez anos depois.
Além da música, teve passagens marcantes na TV e no cinema, com participações em novelas como Cheias de Charme, Caminhos do Coração e na série As Cariocas, além de filmes como Billi Pig e Crô em Família.
Negócios e legado literário
Em 2017, fundou a Mynd, empresa voltada para música, marketing de influência e entretenimento, ao lado de Fátima Pissarra e Carlos Scappini.
No ano seguinte ao diagnóstico, em agosto de 2024, celebrou 50 anos com uma festa para 700 convidados e lançou sua autobiografia Preta Gil: os primeiros 50 (Globo Livros), obra em que narra sua vida pessoal e profissional, incluindo a luta contra o câncer e o fim do casamento com Rodrigo Godoy, após descobrir uma traição durante seu tratamento.
O livro destaca episódios marcantes, como o acidente que matou seu irmão Pedro, a convivência com a madrinha Gal Costa, e sua transformação como artista e mulher. "Vivi muitos altos e baixos, não foi uma vida fake", declarou Preta ao O GLOBO.
Vida pessoal
Preta Gil era filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha. Teve um filho, Francisco, fruto de seu casamento com o ator Otávio Muller. Também foi casada com Carlos Henrique de Lima e, entre 2015 e 2023, com Rodrigo Godoy. Declaradamente bissexual, sempre defendeu abertamente a diversidade e o amor em todas as formas.
Sua morte encerra uma trajetória marcada por autenticidade, luta e representatividade. Preta Gil deixa um legado inspirador para a cultura brasileira e para as futuras gerações.